segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Lambendo as feridas: A amnésia da reforma agrária





Lambendo as feridas:
A amnésia  da reforma agrária
Por Débora F. Lerrer
Certo domingo de 2017, enquanto passava pela TV ligada do porteiro, assisti Silvio Santo perguntando para dois participantes de seu programa dominical o que era reforma agrária. Era uma questão  de múltipla escolha e pude constatar o aperto daquelas pessoas que iam perder a chance de faturar algum por que simplesmente não faziam ideia de que reforma agrária era reforma  da “terra”.
Corroborando a marginalização desta temática no imaginário popular, o  site “De olho nos Ruralistas” , ao analisar os programas dos candidatos à Presidência da República de 2018, constatou que somente o de  João Goulart Filho apresentava meta  de assentados da reforma agrária, prometendo destinar terra a 400 mil famílias em um ano.  Em outra matéria comparativa dos programas de governo,  o mesmo site afirmava que  Boulos e Haddad pelo menos falavam em expandir a reforma agrária e "metas específicas para a população camponesa”.
Como a população esqueceu o que era reforma agrária? Como candidatos, mesmo de esquerda, acham irrelevante apresentar metas para a reforma agrária em um país onde a concentração fundiária aumentou nos últimos 10 anos? De acordo com o último Censo Agropecuário, se antes, 1% dos proprietários de terra detinham 45% do território, hoje eles detêm 47,5%.  
O que o que a ditadura militar não conseguiu em seus 20 anos, que foi apagar a reforma agrária do horizonte popular, o governo do PT  conseguiu  em 13.  
Foi só a ditadura militar começar a dar alguma “abertura”, que sem-terras começaram a se organizar e lutar, não por acaso, por terras que tinha sido desapropriadas por Leonel Brizola, no Rio Grande do Sul,  e Roberto da Silveira, no Rio de Janeiro, no pré-64, e devolvidas para seus supostos proprietários pelo regime exceção que assumiu o poder justamente para evitar a desapropriação de terras ao longo das rodovias federais pelo presidente deposto, João Goulart.
Já Temer, que assumiu a agenda dos ruralistas, foi tratar imediatamente de destruir os vestígios de avanços que tinham sido duramente conquistados nestes anos, acabando, logo de cara,  com o Ministério do Desenvolvimento Agrário para transformá-lo em uma secretaria subordinada à Presidência da República.
Obviamente, a política do silêncio sobre a reforma agrária, banida do debate público nos 13 anos em que o principal partido de esquerda governou o país, teve com contraponto o fortalecimento dos atores envolvidos no que passou a ser conhecido como “agronegócio” e a complacência dos que se organizam em torno de sindicatos e movimentos sociais em torno da expressão agricultura familiar.
Como não podemos jogar o bebê junto com a água suja do banho, é importante frisar que houve sim grandes avanços em termos de políticas públicas para agricultura familiar durante os governos petistas. Houve espaço de interlocução com estes atores que até então não tinham espaço no Estado como os ruralistas, extremamente favorecidos pela política agrícola e agrária da ditadura militar. Estes “novos” atores  acabaram influenciando a construção de políticas públicas muito inovadoras que facilitaram a inserção da agricultura familiar nos mercados institucionais tanto da merenda escolar, como em estoques reguladores e em doações promovidas pela Conab a instituições de assistência social. 
O primeiro programa, a partir de uma lei de 2009, passou a exigir que pelo menos 30% dos alimentos da merenda escolar distribuídos pelos municípios a partir de verbas oriundas do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) fossem oriundos da agricultura familiar.  Em um único assentamento de reforma agrária, o Celso Daniel, localizado no município de Macaé, interior do Rio de Janeiro, a produção de apenas 20% [1] (41 de 200) das famílias dos assentados tinha condições de vender,  já em 2014, 80%  dos 30% mínimos exigidos pela lei, sendo que se tratavam de 35 tipos diferentes de produtos frescos e sem agrotóxicos . Imagina se todos os latifúndios, cujas terras desmatadas perto da BR-101, só dão guarida para magros  rebanhos de boi, que, coitados,  não dispõem nem de sombra de árvores para se abrigar do calor, tivessem sido reformadas, como pretendia João Goulart em 1964?
O outro, o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), logrou grande prestígio internacional, mas era pouco conhecido do grande público brasileiro. Sua eficiência  em integrar os agricultores familiares e seus produtos a mercados institucionais de circuito curto, ou seja, municipais, respeitando as características e hábitos alimentares regionais, levou os Estados Unidos a fazerem uma reclamação oral contra o programa em uma rodada de negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio). Poucos meses depois, em 2013, a Polícia Federal, atendendo as determinações do xerife de toga de Curitiba, Sergio Moro, desencadeou uma espetacular operação: a “Agro-fantasma”, prendendo agricultores que faziam parte de várias cooperativas agroecológicas do interior do Paraná por supostamente usarem a má-fe  na entrega dos produtos do PAA. É que, ao invés de batatas, eles entregaram inhame, ou algo assim. Todos os camponeses presos e humilhados foram absolvidos por falta de provas, simplesmente  quando uma juíza que assumiu o caso, para Moro se concentrar na Lava-Jato,  observou os ritos jurídicos normalmente prescritos pela Constituição.  Mas o Ministério Público do Paraná segue tentando prender alguém por conta deste programa que garantia alimentação fresca e de qualidades para asilos de idosos, orfanatos, creches e escolas da região.
O fato é que governos do PT passaram seus 13 anos dissociando o discurso da agricultura familiar da política pública chamada reforma agrária, única que garante que de  fato seja possível a reprodução social de agricultores familiares, dado o monopólio fundiáro que existe no Brasil. Como este é um tema incômodo, que deixava de mal humor os aliados de plantão, o PT deve ter optado por retirar da agenda. Como resultado, diminuíram drasticamente a criação de assentamentos a partir de 2007, homologaram ao mínimo as terras indígenas em relação aos governos anteriores e aumentam as políticas para “viabilizar” a agricultura familiar sem mexer na estrutura que facilita ou não sua expansão: a agrária.


Terras Indígenas Homologadas
Presidente [período]
Extensão (Ha)
Michel Temer [mai 2016 a abr 2018]
1
19.216
Dilma Rousseff [jan 2015 a mai 2016]
10
1.243.549
Dilma Rousseff [jan 2011 a dez 2014]
11
2.025.406
Luiz Inácio Lula da Silva [jan 2007 a dez 2010]
21
7.726.053
Luiz Inácio Lula da Silva [jan 2003 a dez 2006]
66
11.059.713
Fernando Henrique Cardoso [jan 1999 a dez 2002]
31
9.699.936
Fernando Henrique Cardoso [jan 1995 a dez 1998]
114
31.526.966
Itamar Franco [out 92 | dez 94]
16
5.432.437
Fernando Collor [mar 90 | set 92]
112
26.405.219
José Sarney [abr 85 | mar 90]
67
14.370.486
Tabela 1: Terras Indígenas Homologadas

É Marx básico saber que não se pode fortalecer um determinado segmento econômico porque ele se fortalece políticamente, não é?
O capitalismo na América Latina tem sido baseado na produção e extração de produtos primários agropecuários ou minerais. Ou seja, é um capitalismo que depende essencialmente da renda da terra, obtida a partir da exploração agrícola ou da extração de recursos naturais como minério e petróleo.  Quando a economia de uma região depende disso, é possível entrar em jogo a regulação estatal, visto que é o Estado que deveria regular a posse, propriedade e uso da terra e é ele que estabelece as regras de exploração de seus recursos minerais. Quando este processo é regido pelo mercado, tem um particular que é a apreciação do ativo terra, no caso da agricultura, quando vale muito a pena exportar mercadorias primárias para o exterior.  Atualmente, o capitalismo sofisticou suas formas de ganhar renda sobre a renda da terra. Em um país continental como o Brasil, com extensas áreas agrícolas e uma oligarquia reacionária renhida, esta aposta levou ao fortalecimento dos grandes proprietários rurais especializados na grande produção mecanizada e cheia de insumos e que ganha dinheiro na medida em que tem crédito baratos e  vastas extensões de terra para produzir.  Este tipo de empreendimento capitalista, particularmente no Brasil,  depende da frouxidão pela qual o Estado regula a posse, a propriedade e o uso da terra. Ele se favorece quando tem liberdade para avançar na fronteira agrícola expulsando quem estiver no caminho. Como isto segue absolutamente entrelaçado com o poder político, poucos meses de Golpe já foram suficientes para desmontar várias das grandes políticas agrícolas voltadas para  o fortalecimento da agricultura  familiar.
O grande problema é considerar que a pressão dos movimentos sindicais do campo, que influenciaram a criação destas políticas, bastava para consolidá-las.  A verdade é que estas políticas são indissociáveis da reforma agrária propugnada na década de 90, através de ocupações massivas de terra e mobilizações conjuntas de movimentos sociais e movimentos sindicais, os chamdos Gritos da Terra de 1994 e 1995. Ou seja, não podem ser descoladas de um contexto em que a luta por terra e território andava de mãos dadas com as demandas mais específicas do que passou a se chamar de agricultura familiar. E dissociar um do outro é o que fragilizou estas políticas. Porque fragilizou numericamente a base destes movimentos que voltaram-se para a viabilização desta relação com o estado através de inúmeras políticas públicas como o PAA,PNAE, Pronera (Programa de Educação na Reforma Agrária). Não sou contra estas políticas, mas elas não poderiam ter sido implementadas obscurecendo esta relação com a reforma agrária, a grande medida polêmica do jogo e que de fato ameaça a lógica do agronegócio.  Isto ocorre cada assentamento criado divulgava a possibilidade de que qualquer um podia conseguir terra. Houve sem-terras que obtiveram terra com menos de dois anos de acampamento até 2006. Assentamentos realizados rapidamente ou processos de discriminação ágeis de terra devoluta sempre serviram como abertura da torneira pela qual poderiam jorrar inúmeros contigentes de brasileiros interessados em ter terra.  Fora que a ameaça de deslegitimar títulos de propriedade por parte do Estado teria o efeito imediato de baixar o preço da terra.
No entanto o Governo Dilma, além de diminuir escandalosamente a criação de assentamentos, permitiu que uma norma legal viabilizasse a emancipação dos assentados de reforma agrária  que pagassem  as dívidas contraídas com o estado para a implantação do assentamento. Sim, porque assentamento não é terra grátis e este processo significa que eles vender rapidamente e devolvendo esta terra para um mercado de terras já inflacionado. Um processo totalmente aplaudido pela Bancada Ruralista e  que tem sido realizado com bastante afinco pelo INCRA obsecado pelas metas de “titulômetro” dos anos Temer. passam a ter o título de suas propriedades, que eram antes da União, podendo vender rapidamente e devolvendo esta terra para um mercado de terras já inflacionado. Um processo totalmente aplaudido pela Bancada Ruralista e  que tem sido realizado com bastante afinco pelo INCRA obsecado pelas metas de “titulômetro” dos anos Temer. 



[1]  41 de 200 famílias assentadas na área.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Sobre a delinquência empresarial brasileira: o Caso Extra


Comprei uma geladeira na internet do Extra.com.br no dia 27 de janeiro. Davam no máximo 9 dias para a entrega da geladeira. Mas a nota fiscal foi emitida no dia 1º e me enviaram um email dizendo que até no dia 10 de fevereiro a mina geladeira seria entregue. Detalhe: não consegui me cadastrar na Central de Atendimento. Diz que o CPF já está inscrito, mas eu não consigo nem receber a indicação para a nova senha ou  o meu e-mail.  Supostamente eu teria, através da Central de Atendimento, informações mais precisas sobre a entrega da geladeira. Liguei para a loja para falar do problema na Central do Atendimento, e a moça que me atendeu disse que a geladeira seria entregue até o dia 9 de fevereiro. E que me enviaria a senha redefinida. Depois me ligaram de novo dizendo que eu tinha que me cadastrar de novo... Coisa que eu já não conseguia. Me disseram que eu tinha que esperar 48h dias para me cadastrar de novo. Sábado, dia 4, era o segundo dia depois do telefonema que permitiria eu me recadastrar de novo. Saio de casa por volta das 12:40 e, para meu espanto, me liga um sujeito às 13:07 me dizendo que era "das Casas Bahia" e que tinha a geladeira para me entregar. Eu surtei. Tinha que voltar correndo para a casa e pedi. “Me esperem!”
"Dá não". Como assim! Me esperem, volto correndo. "Não podemos". E depois de eu reclamar um monte, caiu a ligação. Resolvi não voltar com o risco de chegar e eles não estarem mais. Uma hora depois me liga outro, perguntando se eu ia voltar. Eu falei: como, vcs falaram que não iam esperar, resolvi não ir. Pela conversa entrecortada do sujeito, entendi que iam me entregar na terça ou na quarta, por que segunda-feira é folga deles.
Uma moça me ligou pouco depois tentando explicar o acontecido e me avisou que como ia voltar para o depósito, a geladeira só ia ser entregue a partir de 5º feira!  Reclamei o que pude. Falei para ela: se os entregadores podem me ligar quando chegam na minha casa, porque não me ligaram um pouco antes de irem? Tecnicamente eles foram me entregar a geladeira no sábado de tarde, fora do horário comercial!!! Por que não me ligaram antes. Eu teria ficado em casa esperando. Não teria saído!E quanto ao “Extra”, a  loja on line que me vendeu a geladeira? Me enviaram um email no dia segeuinte dizendo que “a mercadoria tinha sido entregue no dia 5 de fevereiro. Fim de semana, gente, não tem para quem reclamar, né? Não tem telefone de contato e a central de atendimento, lembro a vocês, não aceita minha senha e não aceita que eu me inscreva de novo...
Entrei no site “Reclame Aqui” para desopilar o fígado.... e o que apareceu hoje, segunda-feira, dia 6,  na minha caixa postal do site de reclamações? Uma tal de Brenda, do Extra, me dizendo que minha geladeira foi entregue!!!! Cadê a minha geladeira??? Tive que ligar para eles novamente e o sujeito que me atendeu  limitou-se  a dizer que iam  verificar isso!
Fala-se hoje muito dos políticos e da roubalheira das empreiteiras.  Mas  não da “delinqüência empresarial” que grassa neste país, agora com capital cada vez mais monopolizado. O Extra é também Casas Bahia e também Ponto Frio. Também é, obviamente,  Grupo Pão de Açúcar”. Eles se uniram para cortar custos, demitir empregados e  nos prestar um serviço cada vez pior, enquanto eles lucram mais um pouquinho sempre.  E nós, o povo otário de plantão, seguimos sendo humilhados por todos os lados.  Pelos interesses do capital e pelos políticos que a eles servem. Somos roubados de todos os lados Achar que porque é empresa está fora dessa lama toda é ser muito ingênuo. A livre-iniciativa, que os liberais amam, já  produziu um monte de excrescência e um dos sinais do quanto a falta de regulação que permite monopólios.
como esse é contra o interesse público é uma pessoa comprar algo e ficar  ouvindo e lendo a informação de que foi entregue!  E ainda não saber, depois de 9 dias de sua compra, quando terá sua geladeira em casa! 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

"Atestados de veracidade para a história"


É efetivamente preocupante vir estampado nos jornais da mídia hegemônica a visão do atual presidente da Associação Nacional dos Jornais", Marcelo Rech, que atribui aos membros deste grupo, os maiores conglomerados de mídia comercial do Brasil, a capacidade de serem "certificadores profissionais da realidade".
Sei que estamos em plena disputa de narrativas: "golpe" e o "não é golpe". E é justamente por isso que eles perderam esse lugar de "certificadores". Eu e muitos que pensam como eu não vêem suas idéias e percepções difundidas também por eles. É tão evidente a manipulação deste grupo de famílias que faz parte da Associação Nacional dos Jornais"(ANJ) sobre o que para eles é a realidade política deste país que eles deixaram de ser referência para mim. Eu não vejo boa parte da realidade política deste país expressa nestes jornais. A realidade que eles criaram não corresponde a que eu vejo.
Um amigo meu, jornalista espanhol, Bernardo Gutiérrez, percebeu isso durante a campanha de reeleição do Lula, em 1996.
Tudo bem. Muitos vão dizer que eu sou uma pessoa militante, de esquerda, etc., mas essa é que era a graça. Antigamente, mesmo minoritariamente, a gente via "notícias", ou seja, fatos construídos como dignos de serem vistos e difundidos, que correspondiam ao que eu, enquanto cidadã de coloração de esquerda mais ou menos assistia. Com graves deslizes, como a "degola" que não houve no conflito da Praça da Matriz, em 1990, mas geralmente, correspondia.E eu continuava a lê-los.
Hoje nem me dou ao trabalho.
Compro jornal de vez em quando, e uma vez por semana para saber as estréias de cinema. E como eu, vários desistiram.
Sempre foi pelo cinema que eu lia jornais. Voltei a lê-los pelo cinema e nada mais.
Mas realmente é muito pouco para uma função importante e pública que infelizmente esta turma da a ANJ não respeita mais.
Òbvio que em tal desvantagem, o meu lado, "esquerda" de vários matizes, também deve apelar para distorções aqui, acolá. Mas geralmente estou confiando mais neles.
Pois eles traduzem algumas coisa que eu realmente experiencio na minha realidade circundante, ou melhor, nas percepções da realidade que eu compartilho com vários de vocês.

sábado, 13 de agosto de 2016

A fatla de coragem política e a educação

A falta da coragem política e a educação

Por Débora F. Lerrer

 Como faz falta a coragem política, ou o que Gramsci chamava de “jacobinismo na ação” no cenário nacional, hoje coalhado de medíocres políticos.
Sinto pena que o Brizola tenha decidido partir dessa para melhor no início do Governo Lula por que ele teria sido um farol para evitar esses desastres políticos proporcionados pelo PT em seus últimos mandatos e talvez mais sábio em lidar com as manobras golpistas que vicejam no ambiente político brasileiro.  Diga o que quiser do Brizola, mas era corajoso. Não foi bom na construção de um partido. E, além disso, foi golpeado. Roubaram dele a sigla PTB, mas se  não fosse um político grandioso, o próprio PDT não teria vingado.
Tem que olhar em perspectiva. Pensar adiante.
Por exemplo, agora estamos em uma espécie de janela demográfica. A tarefa mais importante de qualquer grupo que esteja no poder hoje é simplesmente encontrar alguma forma de enfiar todas as crianças vulneráveis em escolas, dá-las assistência de vários tipos, para eles se tornarem talvez a geração que dará o salto qualitativo deste país. Mas houve este golpe vagabundo e há risco até de se limitar os gastos com educação!!!
Infelizmente, a escola pública em vários níveis não dá conta disso, por enquanto. Mas temos que perseguir isso. As escolas básicas só podem ter no máximo 20 crianças por sala. Temos que criar mutirões nas escolas públicas para reformar, pintar, decorar.  Chamar a comunidade escolar, pais e parentes dos alunos, a contribuir como puderem. 
Em suma, tentar caminhos institucionais para se ir mudando aos poucos determinadas realidades através daquilo que vem de nós. O melhor de nós. Afinal, não somos organizados para fazer festas? Então nos organizemos, enquanto sociedade civil, para acolher essas crianças! Cada brasileirinho hoje é uma fonte de possibilidades abertas para florescer a nossa civilização.  Sim, a civilização brasileira. Que é uma entre várias, mas que como é a minha, eu faço questão que ela atinja suas melhores potencialidades.
Claro que não devemos esquecer de aumentar o salário dos professores até chegar ao patamar do que  recebiam na década de 60. É esse o padrão salarial que deve ser respeitado e do qual nunca devíamos ter saído.
E  o Brizola, sim, ele sempre pensava em educação. E pensava a sério. Não da boca para fora. Tirava realmente recursos do orçamento do estado para promover essa área. Desde sua época no governo do Rio Grande do Sul, quando espalhou as “brizolinhas” pelo interior gaúcho.
Hoje, mesmo que tenham desfigurado a proposta ao longo dos anos, seus monumentos chamados CIEPS pontuam a paisagem do Rio,  lembrando para a população que  basta querer, que essa idéia pode renascer.


Se não fizermos o caminho, não chegaremos lá.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Primavera brasileira

Estamos vivendo uma espécie de "primavera" política no meio deste caos provocado por este governo interino absurdo.
Mas nada como sacudir a poeira e ir para a luta.
Vejo mais gente procurando se encontrar, procurando entender, procurando se informar melhor e, sobretudo, procurando fazer qualquer coisa para resistir e virar a mesa.
A indignação cresce. E só cresce.
Liberar venda de terra para estrangeiros, entregar o Pré-sal de bandeja (e assim rifar fundos para a educação pública), privatizar o que ainda sobrou. Extinguir Ministério do Desenvolvimento Agrário, Secretaria das Mulheres, da Igualdade Racial. numa canetada. Como se fosse assim... fácil?
E tudo rápido. Com pressa, antes de serem escorraçados.
E como se não bastasse, em meio à imensa revolta de mulheres, fartas de tanta violência, nomear uma secretária evangélica contra o aborto até em casos de estupro?
Como assim, cara-pálida????
Amanhã, a partir das 16h. Largo do Carioca.

Mulheres pela Democracia contra o Golpe!

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Espetáculo de cínicos

Estou envergonhada por ter visto no domingo, dia 17 de abril,  aqueles canastrões de terno e gravata proferindo as mais altas baboseiras na frente do cínico que presidia a sessão. Foi a maior humilhação que essa sociedade recebeu. E o pior é que as pessoas mais bem alimentadas e protegidas por esta desigual sociedade acharam normal porque estavam encenando a tirada do "bode expiatório" da vez do poder: O PT, os "vermelhos...
Foi pior do que o 7 a 0 para mim. Futebol não tem efeitos concretos. Só simbólicos. Mas a política feita naquela casa liderada pelo Cunha tem.
Dizem que cada país merece a classe dirigente que tem, mas aqui como o poder do dinheiro manda muito e as instituições com o STF são lerdas ou coniventes, só posso é continuar acreditando que não somos esse país de boçais que eu vi espelhado ontem na TV. E um recado aos "liberalóides" de plantão: faz de conta que foi a meritocracia que colocou aqueles deputados ridículos lá e não a torpe corrupção que irriga de dinheiro o PP, o PMDB e CIA desde que eles se entendem por partido. Lembrem-se que o primeiro diretor a fazer "delação premiada", o Costa, era indicado do PP. Muito triste ver esse espetáculo de cinismo ao vivo e a cores e com efeitos tão profundos para a nossa nação.

sábado, 5 de março de 2016

13 de março?


Há linhas que, quando ultrapassadas, a gente se toca: NO PASSARAN!
Como é que o grupo que quer tirar a Dilma do poder resolveu  convocar uma manifestação para o dia 13 de março? Como assim, cara pálida? 13 de março é o dia do célebre comício da Central do Brasil, quando o presidente Jango anunciou a reforma agrária e uma taxação da remessa de lucros das multinacionais para o exterior. O Brasil teria sido muito diferente se tivessem deixado o Jango fazer sua reforma agrária bastante tímida, por sinal... Mas, ao invés disso, golpearam o país acenando com um tal perigo sindical ou comunista, longe dos idéias dos trabalhistas.
Sempre acho que o fato de não ter tido resistência ao Golpe de 64, emasculou o Brasil e os brasileiros. O Jango avaliou que não dava, sei lá. 
Mas o fato é que a repressão baixou feia, matou, detonou e as melhores cabeças que governavam ou emitiam opiniões sobre o Brasil foram exiladas ou deposta
s: Darcy Ribeiro, Santiago Dantas, Celso Furtado, Josué de Castro,Paulo Freire, Anísio Teixeira.. Os maiores e os melhores foram apeados do poder sem qualquer resistência. O país ficou à mercê dos gorilas ignorantes da vez e somos desde então os piores em desigualdade social do mundo. 
E, a ignorância grassa, pois tem gente que pede os milicos de volta! Como se as empreiteiras hoje no banco dos réus não tivessem começado sua carreira meteórica de favores e propinas justamente na ditadura militar! Sim, sem democracia para denunciá-los!
A Dilma é fraca, politicamente incompetente. Mas foi eleita. Ponto final. O Lula pode até ter recebido favores das empreiteiras, mas dividiu um pouco melhor o bolo... bem pouco por sinal, mas dividiu.
E o povo sabe. Sente na pele o que é isso. Comer melhor faz muita, muita diferença.
O dia 13 de março tem que ser um dia de combate contra esses ignorantes que ousam tripudiar com a nossa memória histórica.
Quando o Serra que quer entregar o pré-sal para a Chevron sofrer uma investigação profunda como a que ronda o Lula, aí eu vou me sentir mais tranquila. O pré-sal só pode ser um negócio muito bom para ter tanto urubu voando sobre a carniça da Petrobrás.E um vendilhão como o Serra segue impune, sem qualquer mácula sobre seu passado esquisito na era das privatizações tucanas...Todos eles ficaram muito ricos, por sinal..
O  Lula ao que parece, também ficou muito bem de vida depois da presidência. E os filhos dele também.
Mas, não era para tê-lo arrastado de casa às 5 da manhã por isso! Humilhar o Lula? NÃO!
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